quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Diário de Frida H

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É DIFÍCIL CONDENAR ou absolver o passado quando rugas já desenham o tempo em nossa face e o acaso nos impõe a tarefa de reconstruir a vida apenas com fragmentos de memória. Foi esse o meu dilema ao receber pelo correio o pequeno livro de capa vermelha com o nome vazado em branco: O Diário de Frida H. Na embalagem não havia remetente, mas, fosse quem fosse, ser-lhe-ei eternamente grato, pois, mais que uma simples memorabilia, aquele presente apócrifo era a chave que me conduziria ao passado, onde parte de mim ainda aguardava reencontrar-se com sua própria história. O livro começava com uma epígrafe...
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Visto assim do alto...

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A CHAPA TAVA QUENTE na comunidade do Cantagalo. A rapaziada do contexto tava puta. Os vermes tavam na atividade na subida do morro há três dias e o movimento tomando bola direto. Maurinho não escondia o nervoso. Pô, afinal ele tinha um montão de farinha pra vender e os pão-com-manteiga de butuca acesa dia e noite... Por isso ele foi ao baile funk àquela noite e cheirou muito, fugindo do costume, que ele só fumava, dizia que pó era pra otário. Mas naquela noite queria ficar doidão mesmo, daí mandou ver. Quando Mary chegou lá pelas onze, já tava meio chapado, e até ofereceu um tequinho pra mina,...
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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Os pargos e as ondas

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O mar revolvia suas espumas e o enxame de pargos vermelhos pulava sobre as ondas como salmões nas cabeceiras de rios imaginários. Sentado na encosta de pedras que circundava a Igreja Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, Chico olhava a água fria como se adivinhasse o caminho dos cardumes. A cada fim de tarde repetia esse ritual de contemplação e depois atirava ao mar o anzol e a paciência. Podia demorar horas até um peixe morder a isca, mas ao fim isso justificava a própria vida. A luta da presa para escapar do anzol, riscando a superfície azul do mar qual rima submersa de poema que não se...
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Sobre anjos, meninos e patos

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Chegaram antes do sol, acordando o silêncio e a manhã mundana com o rufar das asas. Apenas sombras vadias e bêbados noctívagos testemunharam a revoada de anjos que tomou conta da cidade acomodando-se em ruas, praças, praias e calçadas sonolentas. Como qualquer criança, traziam pequenas Esperanças e Utopias de estimação, as primeiras eram verdes como periquitos; as segundas, vermelhas como flamingos. Pela manhã, as pessoas acharam inusitadas aquelas estranhas criaturas pulando nos sinais, voando do chão aos ombros uns dos outros, jogando malabares sobre caixotes, pulando carniça, equilibrando garrafas...
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Cinzas e Diamantes

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Santa Filomena era daqueles lugares estranhos que só existem na imaginação dos loucos e dos poetas, e onde os acontecimentos muitas vezes me faziam ao cabo de um tempo duvidar se de fato haviam ocorrido ou não passavam de lendas como as que costumava ouvir da boca de Pedro Nega, um doido manso que tinha por hobby assustar a molecada com suas histórias de horror e encantamento, recheadas de mulas-sem-cabeça, sacis, boitatás e o mais que sua imaginação permitisse. Foi uma dessas histórias que só os loucos concebem que deixou a cidade consternada e marcou para sempre em minha memória aqueles poucos...
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